segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

Em busca de novos prismas

Refletir acerca das mudanças. Esse foi o principal motivo de eu começar esse blog há N anos. 

De lá para cá muito aconteceu. Vivi o que pude. Errei em algumas coisas. Construí outras. Aprendi o que consegui. E me tornei o que minhas reflexões me possibilitaram.

Hoje aos 44 anos me conheço um pouco mais. E sei que de tempos em tempos preciso de coisas novas. E no fim, as mudanças temidas quando mais jovem são parte da minha essência. Novos ângulos da vida me trazem ânimo; possibilitam um novo prisma de uma realidade espelhada em todos os olhares que me cercam. 

E por isso, resolvi a voltar a estudar. Me colocar em outro lugar me trará novos ambientes, novas visões. Novos aprendizados. Pelo menos é o que espero. Espero também que seja uma terapia. Afinal, estudar sempre me distraiu e relaxou. Cadernos sempre me foram bons companheiros de paz e tranquilidade.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

Inércia

Há dias em que a inércia nos pega. Fazer as coisas cotidianas fica difícil. O calor torna tudo mais pesado. 
Como numa tempestade, precisamos nos abrigar e esperar esse ritmo apático da vida passar. Afinal durante esse tempo pouco conseguimos produzir. 
Tudo parece mais lento, mais denso. Demoramos a entender o que está acontecendo a nossa volta. Nossos sentidos são afetados. 
Mas está tudo bem. São fases da vida. Jeitos diferentes de apreender o que acontece ao redor. Aprendizados que colaboram com nosso crescimento.

Andréa Reis Barbosa

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Tudo passa, espero que sim

Como descrever o vazio? Essa sensação de nada. De querer gritar ou até mesmo falar e não conseguir. Querer quebrar, rasgar, tornar a realidade diferente e não poder. 

Caímos no imenso espaço que descobrimos dentro de nós mesmos. Nos desmanchamos. Machucamos. 

Está frio. Escuro. Mas reza a lenda que é uma fase. Lá em cima, além de nosso ser e céu o sol brilhar.

Espero que sim. 

quarta-feira, 23 de outubro de 2024

Perspectiva

Sem paciência. Problemas. Situações. Pessoas ou simplesmente esses serezinhos que chamamos de gatos (mas poderiam ser outros... vai depender das metáforas individuais).
Tudo colabora para essa sensação interna de inconformidade, desejo de fuga ou mesmo essa vontade de inerciar-me em mim mesma.
Por vezes, paro para observar. Melhor contar até três do que exceder os limites. E observando o que acontece crio uma nova perspectiva: a visão de quem se abstém da realidade presenciada.
Em câmera lenta vejo o vai e vem das pessoas que, nesse ritmo lesmante, chegam sempre ao mesmo lugar. Um movimento inquietante para quem parou três segundos para analisar uma simples situação corriqueira e monótona.
E logo depois me vejo novamente no vendaval problemático da existência humana. 

Andréa Reis Barbosa

domingo, 20 de outubro de 2024

Meu Retrato

"Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio tão amargo.

Eu não tinha estas mãos tão sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
– Em que espelho ficou retida
a minha face?"

Retrato, Cecília Meireles

Passei boa parte da vida até aqui sem entender este poema de Cecília. 
Hoje me reconheço nele e me faço as mesmas indagações.

Me lembro que era uma adolescente alegre, sorridente, empolgada para viver. E tinha em mim um propósito: jamais perder essa alegria e empolgação. 

Mas nem sempre conseguimos o que queremos. Nem sempre conseguimos remar contra a maré. Mesmo porque muitas vezes nem sabemos o que é mar e muito menos correnteza. Quando somos mais jovens não percebemos a onda nos levar; nem o vento bagunçar as coisas; nem sentimos o marcador da existência nos ferrar com lições necessárias, mas doloridas. Não notamos. Nem as dores. Só com o passar dos anos é que nos percebemos em um lugar que não imaginávamos; nos olhamos no espelho e percebemos nossa vida meio cansada, diferente, em meio a novas pessoas... porque muitas devem ter ficado pelo caminho; e lá estão elas, as cicatrizes. Não doem, mas nos lembram onde estávamos quando tudo era bom e feliz; como éramos quando era fácil sorrir; como eram nossos passos quando corríamos livremente sem preocupações. 

E assim, eis-nos aqui. Eis-me aqui. Com cicatrizes. Aprendizados. Que me fizeram quem sou. 

Bom ou ruim... Não tenho muita certeza. Apenas vou vivendo um dia de cada vez e observando meu retrato mudar no espelho da vida a cada dia escrito por meus passos.

Andréa Reis Barbosa